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Os primeiros vistos climáticos. Maioria da população de Tuvalu tenta emigrar para a Austrália
O arquipélago de Tuvalu, um pequeno Estado insular do Pacífico, está ameaçado pela subida do mar e poderá ver desaparecer metade do seu território até 2050. Mais de 80 por cento dos seus habitantes candidatam-se a um visto climático na Austrália, apesar do acordo só permitir o acolhimento de 280 refugiados climáticos por ano.
No âmbito de um acordo de migração climática assinado em 2024 entre Tuvalu e Camberra, mais de 80 por cento dos habitantes do arquipélago do Pacífico procuram obter um visto para a Austrália, avança esta quarta-feira a Agência France-Presse (AFP).
De acordo com a Missão Diplomática da Austrália em Tuvalu, a Austrália recebeu "níveis extramamente elevados de interesse" com 8.750 candidaturas, o que representa 82 por cento dos 10.643 habitantes recenseados no arquipélago, segundo dados de 2022.
Apesar do interesse manifestado pela maioria da população, o acordo prevê apenas o acolhimento em território australiano de 280 refugiados climáticos tuvaluanos ."Com 280 vistos oferecidos este ano para este programa, isso significa que muitas pessoas não poderão beneficiar dele", explica o Alto Comissariado australiano.
"O primeiro acordo deste tipo no mundo"
Camberra apresentou o acordo de mobilidade, assinado entre governos de Tuvalu e da Austrália, como "o primeiro acordo deste tipo". No âmbito deste acordo, a Austrália oferece todos os anos 280 vistos de migração climática aos habitantes de Tuvalu que pretendam instalar-se permanentemente, estudar ou trabalhar em território australiano. Para obter este visto, é necessário ter mais de 18 anos.
O primeiro-ministro de Tuvalu, Feleti Teo, alertou no mês passado para a grande ameaça da subida da água do mar que enfrenta o seu país e apelou ao financiamento "para se poder adaptar e ter mais tempo", nomeadamente através do investimento num programa de adaptação costeira.
"Em 2050, 60 por cento de Tuvalu estará coberto pelo mar, será um grande desastre. Ponham-se na minha situação", afirmou Feleti Teo, na Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (UNOC3), que decorreu em Nice. "O nosso território está comprometido, não temos opção, não há montanhas para onde nos possamos mover", afirmou o primeiro-ministro de Tuvalu.
Face às previsões que indicam que, até ao final ao século, quase todo o território deste país insular do Pacífico ficará submerso e se tornará inabitável, o Governo procura celebrar acordos de migração climática com outros países que permitam fazer face a um dos seus problemas, encontrar um futuro para os seus habitantes.
c/ agências